As dietas vegetarianas têm ganhado cada vez mais adeptos atualmente. E uma dúvida comum em relação a esse tipo de alimentação é se faltam nutrientes para quem é vegetariano. Quando o assunto é vegetarianismo e exercício físico, há ainda outra questão: é possível ter bom desempenho esportivo sem comer carne?
A resposta é sim. Segundo o endocrinologista Flavio Cadegiani, “uma dieta vegetariana que inclui boa quantidade de vegetais, legumes e conta com uma boa ingestão proteica é uma dieta saudável, com grande quantidade de nutrientes e vitaminas”.
Neste 1° de outubro é celebrado o Dia Mundial do Vegetarianismo, um regime alimentar baseado no consumo de alimentos de origem vegetal. Os principais tipos de vegetarianismo são:
- Ovolactovegetarianismo: ovos, leite e laticínios inclusos na alimentação;
- Lactovegetarianismo: leite e laticínios inclusos na alimentação;
- Ovovegetarianismo: ovos inclusos na alimentação;
- Vegetarianismo estrito: dieta sem nenhum alimento de origem animal;
- Veganismo: vai além da alimentação. Trata-se de um estilo de vida sem consumo de qualquer tipo de produto que explore animais.
Uma pesquisa do IBOPE apontou que 14% da população brasileira se declarava vegetariana em 2018. Isso representa cerca de 30 milhões de brasileiros.
“Uma dieta vegetariana, desde que bem planejada, pode trazer benefícios. É preciso haver um bom aporte proteico, como o ovo e o Whey Protein, por exemplo, que cabem em dietas ovolactovegetarianas. Então, o vegetarianismo consegue obter excelentes fontes de proteína, mas o veganismo já tem mais dificuldade”, diz o doutor em endocrinologia clínica.
Cadegiani ainda ressalta a importância de evitar alimentos industrializados e processados. “Quanto mais processados a pessoa ingere, menos saudável é a dieta vegetariana. Então, o vegetariano tende até a ser mais saudável, se seguidos esses princípios”, diz.
Desempenho esportivo
Um estudo de revisão publicado em 2021 no The Journal of Physical Fitness and Sports Medicine mostrou que, com a prescrição de plano alimentar equilibrado, a dieta “plant-based” não acarreta em redução no desempenho esportivo e pode apresentar vantagens, reduzindo o risco de doenças crônicas, melhorando a performance esportiva e a recuperação muscular.
“A pessoa vegetariana consegue manter o mesmo desempenho esportivo que aquela que não é vegetariana. Quem consome proteínas como o ovo, por exemplo, não tem qualquer perda de desempenho mantendo essa ingestão proteica”, afirma Flavio Cadegiani.
O endocrinologista pontua que a grande “pedra no sapato” do vegetarianismo é a deficiência de vitamina B12, que só pode ser obtida de alimentos de origem animal. “Então, ovolactovegetarianos conseguem garantir a B12, mas acaba sendo difícil para veganos. Hoje, existem suplementos de B12 veganos inclusive, mas são caros”, destaca.
O médico reforça que o problema não é a dieta vegetariana. Mas que boa parte das pessoas vegetarianas ainda têm um consumo insuficiente de proteína. “A ingestão proteica tem que ser de, no mínimo, 1,6 gramas por quilo por dia. Então, se a pessoa tem 100 kg, ela deve consumir 160 g de proteína, o que corresponde a 640 calorias só de proteína”, explica o médico.
“Então, é preciso prestar atenção na ingestão proteica. O vegetariano tende até a ser mais saudável, se seguidos esses princípios”, completa Cadegiani.