São Paulo – A Justiça paulista proibiu que Thamires Marcela Maris da Silva, de 22 anos, se aproxime do Aeroporto Internada de São Paulo, em Guarulhos, Grande São Paulo, após ela ser detida em flagrante por estelionato e tentativa de homicídio no local.
Ela é filha de Marcelo Benedito da Silva, de 46 anos, líder de uma quadrilha de golpistas, que alugava crianças para pedir esmola a passageiros.
De acordo com a medida cautelar determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Thamires só pode se aproximar do aeroporto, no bairro de Cumbica, em uma distância mínima de 300 metros. A decisão vale até o fim do processo judicial. Caso a acusada descumpra a determinação, ela ainda pode ser presa preventivamente.
A proibição de ir ao aeroporto ocorreu após Thamires ser presa em flagrante, na terça-feira (28), por estelionato. Ela teria pegado esmola com uma passageira, após contar uma história inverídica. Logo depois, foi abordada por policiais.
Quando a vítima percebeu que havia sido enganada, decidiu registrar um boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur). Thamires foi indiciada em flagrante, juntamente com Sahd Seleme Neto, que a teria acompanhado no golpe.
O TJSP, em sua decisão, considerou “suficiente” a fixação de medidas cautelares “diversas à prisão”, como forma de “impedir a prática de novas infrações penais pelos autuados.”
“O delito cometido [estelionato], embora reprovável, não envolve violência ou grave ameaça a pessoa, sendo que, ainda, a prisão preventiva deve ser determinada somente quando as outras [medidas] cautelares se mostrarem insuficientes ou inadequadas para o caso”, diz trecho do parecer judicial.
A suspeita já cumpre pena, em regime aberto, por uma tentativa de homicídio, pela qual ela foi condenada a um ano e seis meses. O crime ocorreu em maio de 2019, após ela esfaquear uma mulher no Terminal 2 de Cumbica, em uma disputa por área para pedir esmola.
A Vara de Execuções Criminais de Guarulhos, assim como a delegacia do aeroporto, foram comunicadas sobre a decisão.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo foi questionada pelo Metrópoles sobre a prisão de terça. Nenhum retorno foi encaminhado.
A reportagem não conseguiu contato com Thamires, ou advogado de defesa. O espaço segue à disposição.
Aluguel de crianças
Thamires atuava em um esquema, chefiado pelo pai dela, mantido há pelo menos dez anos no aeroporto internacional.
Em áudio obtido pelo Metrópoles, o próprio Marcelo admite pagar mulheres para que o acompanhem com as crianças, a fim de pedir esmola aos passageiros do aeroporto.
A cada dia, Marcelo escolhia e aluga uma “esposa” diferente, que sempre estava acompanhada de uma criança. “Uma [mulher] folga e outra vem. Peço dinheiro com elas, [que] não são nada minhas. Eu peço dinheiro, não roubo. É um dia de cada mulher. Pago a diária. Quem não pode descansar sou eu”, diz Marcelo (ouça abaixo).
A quadrilha deixou de usar crianças para pedir esmolas no aeroporto, mas segundo apurado pela reportagem, ainda mantem suas atividades criminosas, com menor número de membros.