Em uma cerimônia realizada no último domingo, Javier Milei foi empossado como o novo presidente da Argentina, um país atualmente enfrentando uma taxa de inflação extremamente alta, estimada pelo presidente em cerca de 15.000%. Durante seu discurso inaugural no Congresso, Milei enfocou principalmente em estratégias econômicas e expressou críticas severas ao modelo peronista. Ele proclamou o início de uma era de renovação nacional, destacando a determinação do povo argentino por uma mudança irreversível e prometendo um caminho desafiador à frente.
Sob a liderança de Milei, conhecido por suas políticas ultraliberais, o governo argentino divulgou um pacote de medidas econômicas drásticas. Estas incluem uma grande desvalorização da moeda nacional, suspensão de projetos de infraestrutura pública, cortes em subsídios de energia e transporte, redução de fundos para províncias, liberalização das importações e aumento temporário de impostos. Como consequência, espera-se que o dólar oficial, atualmente cotado a 366 pesos, suba para 800 pesos, impactando diretamente o mercado e os preços ao consumidor.
Para suavizar os efeitos dessas políticas, o governo planeja expandir os programas sociais para os mais vulneráveis, incluindo aumentos significativos nos pagamentos mensais para famílias com filhos e nos benefícios de cartões de alimentação. Essas ações foram anunciadas por Luis Caputo, o recém-nomeado ministro da Economia, que já havia ocupado um cargo semelhante no governo de Mauricio Macri.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou as novas políticas como audaciosas, acreditando que elas podem estabilizar a economia argentina e sentar as bases para um crescimento mais sustentável e orientado pelo setor privado.
Havia uma grande expectativa no mercado e entre a população sobre estas medidas, principalmente em relação ao futuro do dólar após a posse de Milei. Isso levou a um aumento na compra de bens duráveis nas últimas semanas, um reflexo da incerteza econômica no país.
Os preços, que já subiram 143% no último ano, estão previstos para aumentar ainda mais nos próximos meses. Os esforços anteriores para controlar a inflação, liderados pelo ex-ministro Sergio Massa, agora parecem ter perdido sua eficácia.
Além disso, o Banco Central da Argentina, agora sob a liderança do economista Santiago Bausili, convocou reuniões com bancos para discutir essas medidas antes da abertura do mercado financeiro.
Este cenário marca a terceira grande crise econômica da Argentina em quatro décadas de democracia, exacerbada por um déficit fiscal crônico, dívida pública elevada e escassez de dólares. Embora Milei tenha feito promessas radicais durante sua campanha, como a dolarização e o fechamento do Banco Central, a nomeação de um ministro da Economia que se opõe a essas ideias indica uma mudança na abordagem do presidente.